Você conhece a Instrução Técnica DPO nº 11? Diretrizes para obter uma outorga de travessia aérea ou subterrânea

Projetos de infraestrutura, sejam eles de saneamento, transporte, energia ou telecomunicações, frequentemente encontram um desafio comum: a necessidade de cruzar rios, córregos e outros corpos d’água. No Estado de São Paulo, qualquer intervenção desse tipo em águas de domínio estadual exige atenção a uma regulamentação específica: a Instrução Técnica DPO nº 11 (IT-DPO-011).

Originalmente emitida pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e hoje sob a gestão da SP Aguas/SEMIL, essa instrução técnica é a bússola que guia a elaboração dos estudos necessários para obter a outorga – a autorização formal para realizar a interferência no curso d’água. Mas o que exatamente ela define e por que é tão crucial?

O que é a IT-DPO-011?

A IT-DPO-011 estabelece as diretrizes e os critérios técnicos obrigatórios para a realização de estudos hidrológicos e hidráulicos que devem compor o pedido de outorga para obras como:

  • Travessias Aéreas: Pontes, passarelas, tubulações elevadas de água, esgoto, gás, etc.
  • Travessias Subterrâneas: Tubulações enterradas sob o leito do rio, túneis, etc.

Seu principal objetivo é garantir que essas intervenções sejam projetadas e construídas de forma tecnicamente segura, minimizando os impactos negativos sobre o regime hídrico, a estabilidade do curso d’água e a segurança de terceiros, especialmente em relação a eventos de cheia.

A Importância Vital dos Estudos Técnicos

Longe de serem meras formalidades burocráticas, os estudos exigidos pela IT-DPO-011 são peças fundamentais da engenharia responsável. Eles asseguram que a obra:

  • Não agrave inundações a montante (rio acima);
  • Tenha suas fundações e estruturas dimensionadas para resistir às forças da água, incluindo cheias;
  • Não cause erosão excessiva no leito ou margens;
  • Mantenha a segurança da navegação, quando aplicável.

Vamos entender os dois pilares desses estudos:

1. O Estudo Hidrológico: Entendendo o Comportamento Natural da Água

Antes de intervir, precisamos conhecer a fundo o “personagem” principal: a água. O estudo hidrológico faz exatamente isso, focando em quantificar e caracterizar o fluxo de água na bacia hidrográfica e no local da travessia, antes da existência da obra. Suas principais análises incluem:

  • Levantamento das características físicas da bacia (área, relevo, solo, vegetação).
  • Análise do histórico de chuvas na região.
  • Cálculo das vazões do rio: mínimas, médias e, fundamentalmente, as vazões máximas de cheia para diferentes tempos de retorno (TR de 25, 50, 100 anos ou mais, conforme o porte da obra e risco associado).
  • Determinação dos níveis d’água (cotas) naturais correspondentes a essas vazões de cheia.

Essencialmente, o estudo hidrológico nos diz “quanta água pode passar por aqui e até onde ela pode subir naturalmente”.

2. O Estudo Hidráulico: Analisando a Interação entre a Obra e o Rio

Com os dados hidrológicos em mãos, o estudo hidráulico simula o cenário com a presença da obra. Ele avalia como a estrutura proposta vai interagir com o fluxo de água, especialmente durante as cheias. As análises típicas são:

  • Modelagem do escoamento na seção da travessia.
  • Cálculo dos níveis d’água e velocidades considerando a obstrução causada pela estrutura.
  • Verificação do efeito de remanso: o quanto a obra eleva o nível d’água a montante (a IT-DPO-11 impõe limites para isso).
  • Análise da capacidade da estrutura em permitir a passagem segura das vazões de cheia.
  • Avaliação do risco de erosão (solapamento) junto às fundações e margens.
  • Definição de cotas seguras para a implantação da estrutura (altura mínima do tabuleiro de pontes ou profundidade de enterramento de tubulações).

O estudo hidráulico responde à pergunta: “A obra está segura e não vai prejudicar o rio ou causar mais enchentes?”.

Conclusão: Navegando pela Regulamentação com Segurança Técnica

Cumprir as exigências da IT-DPO-011 é um passo indispensável para a regularização e o sucesso de qualquer projeto de travessia em corpos d’água estaduais em São Paulo. Mais do que atender à legislação, a elaboração cuidadosa dos estudos hidrológicos e hidráulicos reflete o compromisso com a boa engenharia, a segurança estrutural e a responsabilidade ambiental.

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